Escrito por Marcus Nakagawa
O termo sustentabilidade está
sendo utilizado de qualquer forma por muitas empresas, consumidores,
propaganda, consumidores, etc. Agora já existem todos os tipos de produtos
sustentáveis (será que 100% dos componentes destes produtos são biodegradáveis
ou 100% recicláveis?); processos sustentáveis (será que todo o carbono
utilizado está sendo compensado mesmo? Será que não daria para fazer de uma outra
maneira? Será que a empresa está levando em consideração todas as questões dos
empregados, acionistas, consumidores, etc?); pessoas sustentáveis; cursos e
eventos sustentáveis; etc.
A tendência é a palavra ficar
desgastada como ficou a palavra marketing, comunicação ou gestão. Estas
palavras são utilizadas de qualquer forma sem o efetivo conhecimento do
conceito ou da profundidade do tema. Quem já não escutou de algum colega
falando que aquela “jogada de marketing” de tal empresa fez um sucesso na TV e
que ele adorou a atriz daquele ‘marketing’ da cerveja. Ou senão, que a
gestão é fundamental para o futuro da empresa. Palavras muitas vezes “ao vento
que já estão no consciente coletivo, porém sem o devido conhecimento ou
arcabouço teórico envolvido.
A palavra sustentabilidade e
todos os princípios para a busca do tal desenvolvimento sustentável devem ser
divulgados sim, sem censura, porém com critérios um pouco mais rígido. Tomando
cuidado com a banalização e a enganação, o Conar - Conselho Nacional de Autorregulamentação
Publicitário, em junho de 2011, apresentou uma série de normas para regular
peças de propaganda baseadas em apelos de sustentabilidade. No Canadá, França e
Inglaterra, não é uma norma voluntária, pois conta com a ajuda da mão pesada
do Estado. A ideia é proteger os consumidores das mensagens sobre produtos
verdes que, por excesso, imprecisão e falta de conhecimento, mais enganam do
que esclarecem. Ou seja o famoso Greenwashing. Já estamos num
início do processo de formalização e alguns anúncios já saíram de circulação ou
forma refeitos.
Mas não é somente nas
propagandas que as empresas devem tomar cuidado, pois esta é a parte final de
um processo de desenvolvimento, fabricação, comercialização, comunicação e
venda de um produto ou serviço. A questão é se esta comunicação está realmente
passando os valores da empresa, os processos e produtos desta empresa mais
sustentável ou que se diz sustentável.
O questionamento principal é
se este processo é sustentável ou mais sustentável. E se este produto ou
serviço é mais sustentável. Uma empresa consegue ser totalmente sustentável? E
seu produto também?
Esta questão está sendo muito
discutida nas universidade e no mundo empresarial. Alguns teóricos colocam que
esta tal da sustentabilidade é um evolução natural das empresa. E que
geralmente iniciamos com as questões internas de gestão dos processos, depois
evoluímos para o desenvolvimento de produtos e posteriormente de novos
negócios. No artigo “Por que a sustentabilidade é hoje o maior motor da inovação?”
de Nidumolu, Prahalad e Rangaswami (2009) os autores mostram cinco estágios que
iniciam com o entendimento de respeito das normas como oportunidade de negócios
até chegar na criação de plataformas de “próximas práticas”, passando por
cadeia de valor, produtos e serviços, negócios sustentáveis
No Facebook, aparecem posts
interessantes sobre produtos e serviços sustentáveis, inúmeros exemplos de
ações interessantes. Ainda sem muita escala. Um exemplo é o “ASAP – As
Sustainable as Possible”, uma plataforma de open innovation e
crowdsourcing onde os usuários podem transformar suas ideias em produtos
reais: www.asap.me. No twiter
temos também assuntos interessantíssimos sobre o tema como o do post do Estadão
que uma engenheira eliminou solventes em colas e criou produto sustentável:
migre.me/cF2nE. Na Abraps, reunimos os profissionais para discutirem estas
questões por meio dos encontros no Clube Abraps e nas atividades do GT
Conhecimento.
Agora nós como consumidores
precisamos desenvolver em conjunto com as empresas, neste modelo de cocriação
tão moderno e novo, produtos e serviços que efetivamente sejam mais
sustentáveis. Temos ferramentas como estas citadas que servem de divulgação e
de comunicação para cocriarmos produtos e serviços que sejam mais inclusivos,
mais verdes, mais responsáveis, lucrativos e que melhorem nossa qualidade de
vida. Entendo que a mudança para processos mais sustentáveis dentro da empresa
serão responsabilidade da própria empresa e dos funcionários, sempre com ajuda
dos profissionais com o conhecimento da área.
O desenvolvimento
sustentável tão sonhado pode e dever ser alcançado, o que falta é uma
evolução nos muitos pontos do nosso desenvolvimento pessoal: autoconhecimento e
consciência!
Marcus Nakagawa é diretor-presidente da Abraps – Associação Brasileira
dos Profissionais de Sustentabilidade, sócio-diretor da iSetor e professor da
ESPM.